Indagação

Pensar intimamente no que numa vida se pensou.

Sentir que num linear de erros se cruzam as vozes e o desespero latente na pele, na voz, no vento daquele que traz a nós o que levamos.

Somos o caminho delineado pelas encostas agrestes desta íngreme montanha, icebergue, ou até imitação de céu. Somos passos, que se tropeçam, que se pisam, que se aprofundam e levemente dançam sob o chão arenoso, ou até quem sabe, num talvez, num chão sereno de verde, onde se revela a surpresa do canto da sereia lá ao longe no mar.

Mas erros pesam na alma, na mente, no sossego da noite, que se torna madrasta. E madrasta enrugada e feia que ri ocupando o céu, roubando à lua seu lugar, e o brilho... o quente brilho? indaga a esfera esbelta, ornada de crateras.

(Sonho, morre ali, no céu escuro que o sol não aquece com braços de fogo.)

Somos fragmentos da nebulosa que passou. E agora somos poeira, que procura a agregação. O reagrupar dos grãos, que um a um se foram dissipando no chão, no mar, na atmosfera.

E no como desse caminho, reside a inquietação

Madalena Castro
Enviado por Madalena Castro em 26/12/2009
Reeditado em 26/12/2009
Código do texto: T1996141
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