A espera
Estou mudando, me tornando sensível.
Pelo menos à sua voz.
Que me estremece quando fala.
Que me comove quando chora.
Que me leva ao desespero, e não me deixa dormir quando sussurra ao telefone quase sem forças.
E minha insanidade aflora.
E os segundo são eternos a te esperar.
E ser leigo a situação é o que incomoda.
E já não há mais unhas a roer;
E estou calvo por minhas próprias mãos.
E meu ego não admite estar sendo controlado por uma voz ao telefone.
Sinto-me desfalecer por não poder agir...
Nem minha respiração consego manter.
Os ruídos me perturbam;
Os carros me incomodam.
Cada pessoa a virar a esquia é um disparo frenético nas batidas do meu coração.
Não há quem queira minha posição.
A tempestade dentro de mim é um universo em fúria.
Ah! Como a infância era boa...
Sinto-me dentro de um baú.
E estou sendo oprimido, espetado à espada, acorrentado...
E um dia desaparecei daqui de dentro!