UM FILME

As imagens passam apressadas

E a retira não capta seus reais significados

Que se escondem nas cenas mudas

E as personagens falam com as expressões.

E a mãe que deixa o filho ainda pequeno

Num carro levado por ladrões e se assustam

Quando descobrem o novo problema

Deixam-mo à sorte que se encarregará do resto.

Um vagabundo que passa elegantemente

Descobre o infeliz aos cantos largado

E para se livrar do que não queria ter encontrado

Procura outro alguém para que a ele desse guarida.

São tempos difíceis

E uma boca a mais impede que se divida o que falta

Assim transcorrem aqueles tempos.

E passados cinco anos

Aquele bebe encontra nos abraços do vagabundo

O carinho de um pai atencioso e preocupado

Que dia a dia lhe olha mãos e corpo

E constata a prática da higiene.

E a mãe que abandonara a criança

Da pobreza que lhe impôs aquele gesto

Transformara numa estrela amada e reconhecida

E a falta se travestiu em fartura.

E não há dia que não se lembre daquele que abandonara

Lamenta em lágrimas contidas

E se culpa por tão abjeta atitude.

Mas como o destino prescreve o que acontecerá

Seja verdade ou mentira que assim é

O fato é que por circunstâncias da vida

A mãe encontra seu filho há muito abandonado.

E o vagabundo que sofria as contingências daqueles tempos

Chamado é à casa da estrela agradecida

Que com seu filho ao colo e feliz

Recebe aquele que cuidara do Garoto que abandonara.

E lentamente os créditos surgem

E a nós que assistimos tão bela obra

Só nos resta contemplar o fim do filme.

THE END