À moça
Exijes meu controle emocional? Com quantas pedras desejas julgar e subjugar meu corpo? Não se faz assim, amor. Não, moça. As quedas nos levantam a cada degrau suplantado. As ascensões manifestam o interesse pelo ouro, e a tua mão permanece gélida, não tateando nada, não me entendendo em nada. Ok? Dize-me: quantas verdades ocultas há em teus seios? Meia volta e meia, e a vida se resume a viadutos observados por passageiros nobres que passeiam ao meu lado. Deixo-te em casa, à porta do teu 'castelo'... Volto para a minha taverna cheia de aranhas e orgia. Quanta discrepância há entre nós !
Quanta coisa, moça. Tens pai, mãe, um sobressalente padrasto e umas moedas em excesso. Eu, possuo minhas malas amáveis, meus pecúlios e a graça (ou desgraça) divina. Temos o comum mais incomum: a essência ainda mais humana e pútrida dos homens de clara pigmentação ! Cuidados à anemia. Atenção, moça: todos os valores se desfazem quando não observamos as curvas sinuosas da vida que nos esperam para uma outra curva irreversível, irrefutável, ilariante: a morte.