Rabiscos
Não falo das nostalgias... Nem das cores azuis de um mosaico...
Falo da poesia... Das notas que rabiscamos na lua minha e tua.
Serestas em meus ouvidos... Ditos e feitos que se contradizem.
Volvo o corpo... Danço em giros de lenços... Meus quadriz.
A madrugada dança... A noite se apropria das cores... Da profundeza dos oceanos sem fim...
Quantas palavras soltas... Quantos risos deixas de colher no céu da minha boca...
O vento sopra de repente... Rompem-se os canais... As ondas invadem a terra... Desiguais caminhos...
Escolhas lentas... Tapam os meus ouvidos... A águia em pleno voo... O giro que trago comigo...
A noite chega... É bem verdade... O azul-petrólio de todos os teus mares... Tantas voltas em vários labirintos...
Perde-se o principal... O abrigo...
Palavras tuas... Palavras minhas... Palavras de todos...
Letras... Linhas... São todas iguais se o olhar é o mesmo... Repete-se o mesmo erro...
Escrevo em lanças... Amarro os cabelos em tranças... Guardo-me para o dia que encontrar o momento certo...
Nem agora, nem nunca... Apenas quando for verdade.
Ditos e resmungos... Frases tuas... Frases minhas...
Enluarado céu avermelhado... Ostentado orvalho...
Meus dias... Num livro aberto... Meu rascunho.
O tracejado ficou fino... As linhas somem com o tempo...
O passado tem o lugar dele... O futuro é o hoje verdadeiro...
Morri em frases soltas... Perdi-me no céu da tua boca...
Agora vasculho as veias... Quem sabe um dia, tu te encontres...
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