Quadros
Emuldorei a sala... Fiz um quadro de pequenas delicadezas... Alguns mimos em cada ângulo...
As folhas ainda secas... O gosto de sala vazia.
Fiz de cada canto um ritmo lento... Nem a dança-cigana foi meu recanto.
Nenhum passo pode ser dado ao futuro... Ele é o presente que condicionamos...
A chuva cai lentamente... Agarro-me aos vultos que vejo...
As folhas verdes na varanda... A rede a sacudir o paraíso.
Morduras faço em papel colorido... Faço os barcos nos quais ainda vivo...
Dobraduras em papel de seda... Uma sede de recolhimento.
As voltas num tablado... Um teatro envolvido pelo cansaço...
As figuras acesas na memória... O balcão coberto pelas rendas.
Quadros... Molduras que fecham moinhos... Os pigmentos que aceleram os olhos...
Vejo-os, distantes de mim... Só assim consigo observar os detalhes.
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