SOL
Após vários dias de chuva forte, eis que ele volta.
Pela manhã, chegou tímido, quase sem forças para sugar as pequenas gotas, espalhadas nas folhas das laranjeiras do quintal.
Ao meio dia, já estava imponente, reinando absoluto e brindando seus súditos com um abraço caloroso.
As minúsculas saúvas, arriscam-se a serem pisoteadas no terreiro e saem de suas tocas, enfileiradas tal qual um exército em marcha, numa missão de logística alimentar.
As borboletas, parecem voar mais felizes misturando desespero e harmônia, numa disputa entre classes pelos cravos amarelos que enfeitam o jardim.
Pardais e bem-te-vis, dão vôos rasantes por sobre rolinhas, que caminham com a elegância de uma dama vestida de verde.
Homens, mulheres e crianças, despem-se de toda tristeza nublada e mostram em suas faces uma alegria dourada e um prazer em viver.
Homens à caminho do trabalho....sem guarda-chuva.
Mulheres com trouxa de roupas, à caminho do rio...sem medo da chuva.
Crianças descalças na rua, bolinhas de gude e pés enlameados....felizes....sem entender o porque da chuva.
É a natureza cumprindo seu papel, renovando sempre como um arquiteto descontente com sua obra anterior e contratando um novo artífice.
Seu nome...é Sol