Ruas descalças
Ruas descalças, vestidas, tão longas,
um tanto frias, vazias, quietas,largas,
não tão ruas, são tudo além de ruas,
ruas são gente que um dias as fez nuas,
para povoa-las com perfumes e danças,
gingando entre os passos de crianças,
que assim permanecem para poderem
crescer e eternamente se alimentarem!
São ruas de sóis trincando as sombras,
que escondem, medrosas e pequenas,
como engordam os bois e as cabras;
enquant'acobreiam aves puras e plenas,
expurgam os homens as suas penas
no exílio ao qual se algemaram
e enceguecidos nem se perceberam
indultados para sua troca de penas!
Ruas do ontem amarelando sonhos,
futurecendo mágoas com cara nova,
esvaídas no vôo divisor de caminhos,
que reveste a esperança sempre viva.
São sangue desabrochando as flores
outrora caídas em vaso de desamores,
que ressuscitar mui precisam porque
a vida inexiste se tornar-se estanque!
Santos-SP-07/07/2006