A voz amável
A voz que me afaga
mergulhada no peito,
a vida interior alarga,
dá à amargura um trato
na tristonha alma ferida
rasgando a noite varrida!
Cândida voz tão submissa,
põe vida em minhas veias
e faz florir a minha brisa
fugidia de complexas teias,
silencia...sacode... grita...
chamusca... arrebata...
Em rios vertendo canção
me habita as entranhas,
sulcos longos encalecendo
com o cheiro das manhãs
que despertam emoção.
Vozes amáveis tamanhas!
Oh medíocre morte,
voz me solte e duete
nesta orquestra única
de maestria branca,
brotando em mim
um colóquio sem fim!
Rasga a parede carnada
de minh’alma desnuda,
a voz que fogo propaga
no Alto timbre celeste,
entra e a porta se alarga
ao viver amável ardente!
Santos-SP-27/06/2006