A CHEGADA ESPERADA
Enfim a chegada há muito esperada
Na parede da sala outrora pequena
A foto dos saudosos tempos daqueles
Que repetem para os seus
Conselhos e broncas recebidos dos pais
Sexagenários e avós de netos igualmente
Crianças danadas como seus filhos foram.
É que só com a passagem dos anos
As rugas testemunhas sinceras e desinteressadas
Do afago gentil como mero sinal de educação
Não podem esconder o que se vê a olho cru
E o dia que cede seu lugar à noite
Não terá perdido seu brilho.
E como as mulheres de Atenas
Imortalizadas em versos e canções
Que zelavam por seus maridos
Mandados ao campo de batalha
Ficam nos aeroportos ou simplesmente nos portões
Os corações e braços abertos para o afago fraterno.
E a distância motivadora
De cartas e saudades relembradas
Em novas mensagens enviadas por muitos anos
Finda e abre caminho para novas narrativas.
E em volta da mesa posta
Com carinho e muitos risos
Todos se olham e se beijam
E saboream o prazer da companhia
Como se degustasse o bolo de milho
Dos tempos de criança ao fim das brincadeiras
Hoje faltosas e revividas nos encontros
Pelos pais aos olhos atentos dos filhos.
Nada se quer nem se deseja porque
Preço não tem quando se conserva
Na memória qual fotografia olhada
Com saldosa lembrança as imagens congeladas.
E todos, transcorridas as narrativas
Se olham
Nada dizem em palavras
Porque é no silêncio
Que se verifica que o tempo passou
E deixou marcas bem vindas
Como são quando se espera aos que se gosta.