MENDIGO!

Não sabendo onde me dirigir, para

alcançar determinado objectivo,

sem pudor algum interpelei um mendigo,

que ali por perto resolvera passar

sua tarde, sentado na pedra da calçada.

Respondeu-me entre dentes com um «não

sei». Agradeci e pedi licença e quando

acabara de virar costas, para tentar a sorte,

junto de outra pessoa, ouvi ao longe, como

num murmúrio – o vinte e um passa por lá,

sim senhor o vinte e um passa

pelo local pretendido, pelo senhor.

Prestando-lhe vénia mais um vez agradeci

sua prestação e o ter-me ajudado, enquanto

outros passando por mim, de clara

repugnância se faziam surdos e cegos ante

minha humilde presença.

Conclui que o «não sei» é apenas uma defesa,

inocente e sincronizada, contra uma sociedade

repressora e estigmatizada.

Vendo que lhe querem de sua ajuda seus

conhecimentos, em paz tornou-se (como

seria de prever) naquilo que é. Um Ser

Humano, igual a mim e a todos vós, que ledes

estes meus versos.

Um momento, um conceito

que virou eternidade nos vossos corações e

que de ora em diante passarão a tratar a

essa pessoa, como a uma de entre vós.

Mendigo não quer pena, tão só que respeitem

sua humanidade e infortúnio.

Jorge Humberto

07/09/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 08/09/2009
Código do texto: T1799210
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