O ÍNDIO E O MOCINHO

E com o silêncio

Os pensamentos perdidos na infância

Das brincadeiras de rua

As lembranças dos gols perdidos.

Do bang bang inspirado nos seriados

O índio elevado à maldade

Devia ser eliminado

E o progresso do homem branco

Suas leis e normas

Celariam a rendição dos selvagens.

O ouro amarelo e reluzente

Sem remorso ou lamento

Nenhuma flor à sepultura colocada

Coroava a conquista sangrenta

E corpos o chão decoravam.

E se a conquista honra e enaltece

Também os extremos serão lembrados

Senão nesta, mas noutras épocas que virão

E a honra outrora exibida e desejada

Abjeta se tornará.

E sabem os soberbos senhores da guerra

Arrogantes que são

Menosprezam a vida alheia e do seu próximo

Mãe, esposa, filho ou vizinho que seja

E partem às conquistas movidos pela ganância

Efêmera vontade de posse e poder.

Assim

Jazem nas lembranças da criança

Que virou homem e pai

E ao filho nada ensina

Só compartilha o que ouviu e viu

E guardou como se guarda um tesouro

A sete chaves e muitas pistas

No mapa da vida desenhado

Não por cartógrafo ou pirata que seja

Apenas e tão somente

Nos anos que passaram.

E que venham outras memórias

Alegres ou tristes que sejam

E saibam os que deles souberam

Que foram do coração que saíram.

E como a Nau dos conquistadores

Ao mar se entregou

Repito o gesto

Não para a conquista que desconheço o intento

Atiro-me às águas das vossas críticas

E a elas me submeto.

E se a razão for o leme

Fico feliz em navegar

Nessas águas límpidas e cristalinas

E a procela

Temida em tempos já remotos

Vencida será sem torvelinhos ou náufragos à deriva

E o porto já é seguro e a viajem finda.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 07/09/2009
Reeditado em 12/09/2009
Código do texto: T1797404
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