PRECISO

Preciso me encontrar

Preciso precisar do grande encontro

Preciso saber quem sou

Para que ao me ver no espelho

Ofuscado pelo vapor

Não me assuste com a imagem que não conheço.

Acordar, sem saber quem fui

Não me dá certeza do que serei.

Andar pela rua qual estrangeiro

Não fará de mim cidadão.

Preciso encontrar

Preciso precisar não precisar

Fazer perguntas qual louco

Classificado pelos dogmas científicos

E perpetuado pelos preconceitos diários

E à casa verde jogados lá

Encerram-se os indesejáveis numa sociedade de sadios.

E incompreendido no seu mundo

Fantasia outros só possíveis nos desenhos infantis

E ainda assim

Côncio dos seus deveres

Vota e elege seus representantes.

Preciso da dúvida

Preciso dos deuses

Preciso dos semideuses

Preciso do poeta

Preciso da flor e do beija-flor

Preciso da chuva

Que rega a lavoura

E enche o açude e mata a sede

Do Homem, do gado, da fauna e da flora.

Eu preciso

Do riso, do choro

Da lágrima que escorre

De saudade, de felicidade

Do adeus, do seja - bem-vindo

Do abraço, do amasso.

Preciso de tudo e não preciso de nada

Se tenho o mundo

É dele que preciso.

Preciso saber

Preciso esquecer

Preciso lembrar que me esqueci de saber

Preciso falar

Preciso ouvir

Preciso acordar

Preciso dormir

Preciso despertar

Preciso viver

E esperar no que vai dar.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 07/09/2009
Código do texto: T1796529
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