FILOSOFANDO

À espera do ônibus fica o cidadão no ponto

Vem o coletivo

E com ele

Um coletivo de problemas.

À espera da consulta já marcada

O coração bate teimosamente

E ao final de mais um dia

Festeja alegremente por essa vitória.

Até quando esperar?

Até quando viver?

Para ao final morrer.

À espera da noiva

O noivo impacientemente fica no altar

Ao fim das promessas

Religiosamente feitas perante a platéia

Que testemunha solenemente.

E transcorridos algum tempo

Já não tem certeza se tornaria fazê-las

E certamente algumas daquelas testemunhas

Já não estarão mais vivas

E o prometido

Como a carta sem destinatário

Não chega às mãos endereçadas.

Então, prá que fazer promessas

Fazendo-as não é estar dando esperança

A um tempo que não dominamos?

À espera da realização financeira

Joga-se em tudo, se aposta em tudo

E ao final

Se ganhou alguma coisa

Só terá ganhado coisa.

À espera da chuva que não vem

O sertanejo sofre, o gado sofre

A planta sofre

Sofre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

À espera da salvação

Muitos se escondem nos templos

Esquecem-se da tolerância, da solidariedade

E assim criam falsos paraísos.

À espera do ônibus

Fica o cidadão

Absorto em pensamentos

O coletivo passa

E ele não sobe.

silvio lima
Enviado por silvio lima em 06/09/2009
Código do texto: T1796241
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