Menina
Um dia fui boneca, fui Emília, feita de pano e peripécias, dentro de uma caixa doada como presente a quem já me tinha.
Outra vez fui rainha, ainda que minha coroa fosse de sabugos tive súditos, mesmo que suas vidas pertencesse a outros e a minha própria não fosse minha.
Por várias vezes fui bailarina, a minha dança não era diferente da das outras que me acompanhavam, mas eu encantei a quem importava, e isso era superior a todas outras vontades.
Ainda fui Pollyanna, acreditando no melhor e que sempre algo bom aconteceria, mas minha crença era baseada num forte, que no final das contas nunca tremeu e sempre me sustentou.
Fui uma rosa, que reclamava e reclamava cheia de caprichos prontamente atendidos pelo maior amor conhecido.
Mas sempre menina, isso nunca deixei de ser, carregando minha coroa de sabugos, minhas sapatilhas já pequenas, minha crença inabalável e meus caprichos tortos. Continuo menina e pertencente a quem me doaram como presente, mas não dentro de uma caixa e sim de seu próprio ventre.