Palavras da madrugada
Doces palavras escritas. Uma relação construída em sílabas, a alegria das paroxítonas, devaneios nas aparições de cada letra. Outra vida, o sangue -fogo líquido- circula de empolgação enquanto o caminho da criação é percorrido.
O coração dividido, repartido e doado a dois. Pronto a cometer uma loucura, a imensa vontade de provar do intocável. Sentir, sorver, tocar o gosto nunca sabido. O mundo distante e próximo desmorona. Maldita nobreza! Maldito juízo! A dor de não ter o direito de ajudar, de socorrer. A opção tomada por outro sem a menor chance de escolha: Aceitar o pior.
Amaras palavras escritas. Ainda há a vontade de jogar-se completamente. Fugir nunca é a solução, o sofrimento permanece ainda mais forte junto ao sentimento de impotência. O fim de todas as possibilidades, o amor pleno nunca concretizado. Saudade! Restam as noites de pensamentos vazios e, quando chega a exaustão, os sonhos povoados.
Um adeus a distância e o sentimento nostálgico. O desejo do infinito na esperança de um possível arrependimento. A crença no “faria novamente” levando gravado na memória a lembrança das palavras ditas na madrugada.