As luzes
Era uma noite qualquer... Daquelas que passam como um elevador.
Eram dias... Eram luas... Heras no muro gigante.
Atravessei o universo... Virei um espectro.
Agora canso... Ouço teu canto... Emudeço ao toque teu.
Era um caminho... Eram ouvidos soltos... Eram saltos em um precipício qualquer... Pode-se escolher a fonte... Basta recorrer à imagem criada.
Algumas gotas que rolavam na tua testa.
Corri muito para chegar até aqui... O galope dos passos alados...
A domar cada rédea que eu tinha nas mãos...
Peito xucro... Ininterrupto... Serpenteia a noite que foi só nossa.
Lembrei-me da colheita de Baco... Das ruas que persegui...
De tudo que eu fui, até aqui.
E o tempo seresteiro, vagabundo... Desalinha meu travesseiro.
Era um dia... Hoje, passou depressa... Assustado. Não imagina o fogo que serpenteou os nossos corpos.
Era uma taverna louca... Com as vestes de um povo a guerrear... Era o que o Poeta disse um dia "melhor retirar as botas antes de caminhar"...
Agora, desço... Toco meus pés aos pés alheios... Voo pelas lacunas de um pensamento...
E corrompo todos os ditos... Sugo as armadilhas da boca... Sou o avesso do meio... Somos o que as nossas peles sentenciam... As Luzes!
Vida que colhemos juntos, ao pé do ouvido.
16:30