Olho-te
Amanhece, teu corpo despido, é horizonte do meu mundo, paisagem que limita o céu, perfil que esconde os primeiro raios de um Sol por nascer. Olho o infinito para lá de ti, como se fosses feita de cristal, como se teu corpo fosse água transparente onde mergulho, cascata que lava minha alma, preenche o lago da minha luxúria.
Acordas o Universo, que ao sabor dos contornos de ti se faz de mil paisagens distintas, como se fosses tu própria criatura e criador. Deixo-me ficar, olhando-te deste lado da cama, imaginando cada detalhe de ti que conheço como se sempre tivesses sido minha, como se te houvesse dado forma. Sinto na ponta dos dedos o prazer que teu corpo me ofereceu, em mil travessias que por ele empreendi. Conheço como ninguém as escarpas profundas, desfiladeiros vertiginosos e grutas secretas onde me entregaste teus prazeres.
Recordo quantas noite adormeci no âmago dessa terra que é a pele suave de teu ventre, o gosto de maresia que teu corpo molhado me oferecia, sal de teu suor que lambia em gotas de puro desejo, gemido suave de loucura. Descubro os odores da tua essência de mulher, perfumes que enebriam a minha libido deixando-me rendido, na areia da tua praia, como naufrago exausto por tudo aquilo que és, pelo prazer imenso que sinto quando te olho, deste lado da nossa cama.