O ninho

O movimento... Esqueço como são os fios do teu rosto...

Faço do entrecortado dito... O que seria o mais sutentável.

Não posso dizer-te mais... Não entenderias.

O dia de espera... O deixar que a noite passe depressa...

Imaginar que ainda és o mesmo...

Enfeito a lua com mordidas... Navego no que digo... Uma tentativa vã de ser aquilo em que acredito...

E as palavras morrem... Num só abismo.

Entender-te... Não entenderias.

Como são frágeis as tuas acolhidas... Tênues tempos de um Outono que passou...

Era Domingo...

A tarde matreira dançava, nos goles de um vento bamba...

O ninho do beija-flor caiu... Não adianta muito envolvê-lo em palmas... Está tombado na calçada quente...

Precisaria de um retorno temporal, para que o vento não fosse tão cruel...

Era Segunda... O dia atrás do outro...

Assim o tempo passa... Recortes daquilo que tivesse apenas para ti um dia.

O ninho tombara... Envolvido em cada trama de fios trabalhados...

A vida, artifícios moldados...

Os outros dias serão apenas marcas de um futuro que ainda não chegou...

O sentir falta das minhas mãos... Não entenderias.

10:06