Nas cores da vitrine...

Uma imagem... Eu!... Refletida em tua face... Retina do teu pensamento...

Assim, corro por entre as armadilhas que crias...

As folhas secas quebram-se aos meus pés... Sorriso solto... Ainda preso ao teu...

Vimos tanto... Mais de um tempo contado em décadas... Nossas descobertas.

Afogamos as vontades... Soluçamos os pensamentos... Agredimos a identidade... Formamos algo... Um Completo fragmentado...

E na vitrine das gotas de um sereno perene, contemplamos os dias... As manhãs... Vi todas as tuas cores... Cada um de ti refletido no momento exato... Um pouco fracas... Desbotam-se, sabes bem.

Sei dos círculos que te rodeiam... Daqueles que crias para fugir de ti...

Encanta-me apenas uma face... A que dizes não amar.

Essa carrega o meu peito... Essa solidifica os joelhos... Essa envolve os meus sentidos...

Não há nesse mundo um amor mais bonito...

Aprender a olhar... Aprender a ver... Entender que o outro ainda tem tanto a crescer.

Então, olho as ruas... Contemplo os ventos... Aguardo o momento exato da construção... O que dizes ainda é falho... Mas, quem sou eu para afirmá-lo...

Assim, falo da poesia que corrói o meu sono...

Um instante por nós criado... Um rebuliço de palavras... Pernas e braços...

E as luzes ainda acesas... Os lençóis enrolados aos corpos febris...

Fácil seria levar o texto para esse rumo... Mas, calar é mais o meu tom...

Nas cores de uma vitrine qualquer, estão vários rostos... Vários dizeres... E escolher é o mesmo que dizer Não...

Procurar o polo certo... Ser objetivo e concreto... Assim, são as curvas das minhas mãos...

Tão difícil é encontrar a estrada certa para o meu ser... Nem eu sei...

Garanto apenas a palavra com cores de uma vitrine-viva... Sem arranjos de solidão... Sem máscaras maquiladas... Apenas as vestes cruas... Cabelos soltos... E os pés no chão...

A casa na árvore seleta... As curvas da dança serena... E o peito construção...

Quem disse que Amar é fácil?...

00:42