DE PASSAGEM...
 
 
Uma trilha na mata
Escondida, camuflada
Um barulho de folhas
Estaladas sob os pés
Uma renda de sol entre folhas,
Uma cantata.
 
Lá em cima da montanha
Um cruzeiro no final do caminho
Encontro com as nuvens
E até chegar
Contas do terço
Que é preciso rezar
 
O infindável negro-desbotado
Do asfalto infindável
Cansa e provoca
São diferentes caminhos
Na superfície do ego
Na profundidade do Eu
Passando, a passar.
 

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Caminhos existem e são obrigatórios. Pedágios também.
Nem sequer se percebe que são trilhados para levar a algum lugar, mas que também não levam a lugar nenhum. Não porque eles, os caminhos, não deixam pistas, mas porque os caminhantes esquecem que não há permanência, que o viver é passageiro e não, demorado. Por isso o requisito para caminhar até um destino é denominado de passagem.
 
Todos são passagem para estar de passagem. Ao caminhar o caminho se modifica, cresce, estreita-se, diminui, torna-se mais largo. Surgem tempestades e calmarias, mais tempestades que calmarias. E o caminhante já não sabe mais onde está.
É nesse ponto do caminho que um prazer toma conta da criatura. Ela sabe que já não está ali, que esteve passando por ali e passou. Que já não lembra dos sonhos que acalentava, apenas um ou dois ela reconhece.
É a essa altura do caminho que se percebe que a beleza exterior deu lugar à plenitude, e o caminhante sente-se infinito, uno com a Natureza e aguardado pela ConsciênciaCósmica.
Que falta pouco.
Só falta chegar.