A noite e as estradas
Era cedo. Quase dia. E eu ali, sob a forte tempestade, trabalhava com esmero (resmungando), mas, bem idôneo. Calças largas, luvas grossas, completamente agasalhado. E que chuva ! Viajava pista à fora quando enfim cheguei. Muita lama e mais chuva, e a moto tão fervente, triturava toda a areia que em minhas calças se agarrava. Pequeno percurso, já no sítio, certamente chegaria. Meu cliente, assustado com a chuva me esperava e acenou. Já chegava mais uma vez o motoqueiro da madrugada. Mesmo sendo tudo tão negro, havia vida no caminho, vida a qual eu matei. E o corpo? Não encontrava aquele corpo tão viscoso chamado sapo. E a moto parei, e o coração parou, e meu eu: meu Deus, matei um inocente ! Mas, onde estará? Morreu de fato ou foi arrebatado por corpos estranhos habitantes dali? Um minuto de silêncio, e a madrugada se passa. Meus Pêsames, pobre sapinho. Continua a rotina... Continuo. E lá fora, noutra estrada, o bêbado dirigindo seu caminhão, a estrada em plena negridão, os ventos noturnos prenunciando mais uma tragédia, a garota descuidada... Já foi.