A casa da árvore

Escute... O barulho da mata... O assobio do oceano... A lua cor de prata...

Encostada em teu peito, parece que o dia passou depressa...

O subir aqui é tão complicado... Entre galhos... Entre heras empoeiradas.

Ouviste o sinal dos dias?... Olhaste com o olhar da certeza?...

Bati a porta... Levantei o tapete... Rolei na grama...

Deito agora, a olhar o céu estrelado... Meu corpo estirado no chão... O riso solto... O encolher, por conta do frio... Arrepio...

Olhei a árvore... Criei escadas... Em cada cômodo, o meu perfume...

Cabelos soltos, a rodear os quadris...

Um beijo no ar... A espera de dias que nunca mais virão...

O meu Outono, nas páginas escolhidas, compõe o rito de um amor-perfeito... A flor colocada ao colo... O rodopio ao solo...

Algo definido pelos teus olhos...

Falta-me o respirar da Verdade... Falta-me a semente do girassol... Aqueço-me, próxima aos joelhos... Viro o mundo... Danço com os lenços do coração... Cigana-flor... Esse é meu ventre... A dança da criação.

E a casa... Em ares recostada... Será a minha morada... Minha nota rabiscada de emoção...

Rondam-me as pernas... Heras... Levantam-me ao andar mais alto... O coração...

Da casa de pedra... Guardo a lembrança... Do cuidado com o adorno em cálice... Estarei, na porta, quando tu chegares...

Mas, terás de mudar a tua construção...

O verde alegra-me a face... A cachoeira gruda-me as vestes... As minhas formas viram fogo... Respiração...

Falta-me apenas uma palavra... Antes que o corpo se entregue... Antes que a vida termine... Antes que a casa seja coberta de neve... "Snow"...

21:00