Verdades e veleidades VIII
Nas marés da desilusão
Em cada manhã, amanheço em novas brumas; e tua ausência me acaricia na solidão de um corpo estranho. Lençóis amarrotados tornam-se cúmplices de uma história de amor mal contada, transcrita entre farrapos de vida que se perderam da esperança de viver...
Ainda sonho com uma bruma em festa, levando em revolta todos os dissabores que não me deram paz. Em alto mar, entre colunas de antigas dores, naufragarei minha nau sufocada por tormentas passageiras...
Mas sonho é sonho; fruto indecifrável de nossos momentos de angústia que nos dilaceram por toda vida. Nenhuma bruma hoje virá, nenhum sonho renascerá entre os escombros de uma cansada nau em solidão.
Mesmo assim é preciso sonhar com um porto seguro de sonhos!
Lanço ancora toda manhã; cortejo antigas luzes que me guiam pelos percalços de um caminho sempre tortuoso.
Caminho solitário sobre marés em revolta!