Secreto

Por detrás de todo esse silêncio taciturno, tímido

Há, talvez, uma inteligência modificadora

Ou simplesmente aí mostra-se o controle exercido

Pela melancólica angústia existencial.

É certo que o pobre infeliz que reflete o vácuo,

Nada fala; estático como uma gárgula antiga

Da torre gótica mais alta, ele observa o mundo,

Mas nada tem a dizer, pois o que dirá não terá significado.

Sabendo da ignorância humana – revestida de pérfida

Sabedoria – o desgraçado fica com a língua paralisada.

Ele sabe que ninguém quer enxergar os erros suspeitos

– Aqueles praticados “despercebidos”, já que são inconfessáveis.

E o jovem andarilho chora pela estupidez alheia!

Com o brilho triste nos olhos, ele caminha

Através de risadas frenéticas;

Provoca o escárnio devido a sua feiúra.

Sabe que todos voltam-lhe os olhos críticos,

Mas não se importa!

Rejeita a punição divina aos outros,

Porém reconhece a força da preservação.

E não cede ao impulso da cólera

Entrega-se somente aos estudos, à elucidação.

Encontra conforto nos livros velhos, novos...

Vive a vida a seu próprio critério;

Fica a observar o comportamento de seu semelhante,

Sem gesticular uma sílaba sequer,

Acumulando verdades decisivas acerca do ente.

No entanto, a humana sociedade (insensata e orgulhosa)

Jamais estará preparada para vislumbrar o enigma decifrado.

Esse segredo deve ser sepultado na tumba mais preciosa

Que existe: o cérebro.

15/07/2009