indo fundo
só mais um pouco até que a pedra atinja o fundo...
enquanto o corpo desce, os cabelos voam, a cor da pele vai adquirindo uma coloração branco desmaiado, os olhos arregalados hão de estalar ainda mais as órbitas, as roupas flutuam levianas e um cântico suave começo a ouvir do interior do fundo... meus pés estão atados à pedra que sela a minha sentença... enquanto sinto uma pequena agonia, lembro e esqueço, me atiraram ou me atirei, lembro ainda do seu rosto, do seu beijo, do seu hálito junto ao meu em nossa cama, dos seus cabelos espalhados em meu travesseiro e no seu sorriso de sol... indo fundo, não posso mais respirar agora... em minhas alucinações vejo você sereia a brincar com outras a minha volta... e se ri... se ri de mim e se vai, como sempre foi... o esquecimento, o adeus... um torpor... a água me invade e eu me torno líquida...