VERSOS PARA NINGUÉM
 




 
Uma confidência se faz assim... E você estava ali, declarado em verdade. E é por isso que te adotei como parte da família! Tua dor abre feridas na minha pele.


Então, você, inesperadamente confessou sem jeito, assim, de uma vez só, na minha cara! Não. Ao pé do ouvido. O poeta jogou fora o que havia escrito para mim. E ainda imaginou que ficaria triste ao saber disso.


Por que ficaria? Não me deves nada...  Ao contrário. Sou eu que me debruço sobre teus versos como a mulher apaixonada que tem marido na guerra. Ao invés de tricotar, suporto a vida ao ler-te.


Teus versos me ajudam a emergir em outro dia, ainda que não veja um só motivo para sorrir. Sorrio. Tua poesia existe.


E ao saber que em um papel qualquer, tuas palavras para mim foram lançadas ao nada, de repente, entendi o sentido da minha existência definida neste movimento.


Meu poeta, você desenhou o mais belo verso no ar.


E retribuo a confidência... Aos vinte anos escrevi uma coletânea de poemas. Ainda não publiquei. O título? Versos para ninguém.


Nunca soube exatamente como esse nome surgiu. Foi preciso que o tempo mostrasse a força do vazio e da coragem, no gesto de um poeta que joga o que escreve fora, para que eu pudesse entender, enfim, porque você faz parte de mim.


 
 



(*)
Imagem: Google


http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 10/07/2009
Reeditado em 07/02/2010
Código do texto: T1691839
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.