O dom, a dor, a poesia.
Reclamei da vida
Perguntei ao gênio do bem
Que maior bem eu poderia alcançar
Entre os ditos dons que cabe ao homem
Eu nego que possuo algum
Pedi que me mostrasse onde mora a felicidade
Ele riu de mim, como se tolo eu fosse.
Perguntei, insisti para que me mostrasse a paz
Ele, mais uma vez riu de mim.
Não está nos livros o maior dom? O saber?
O gênio ficou mudo...
Eu lhe disse com tremor o ódio:
Não sabes o que procuro?
Maldito espírito do bem!
Não queres que eu vá à busca do teu concorrente
Para que ele diga-me onde mora a glória que almejo?
O gênio velho disse-me:
O que pensas existir, não foi criado
O mundo gira sem objetivo
Como pó sobre a balança paira a tua essência
Volta ao teu posto, verme ordinário
O abismo que vislumbra como céu
É reflexo do véu da tua insignificância
Podes, por ventura, tratar-me com tanta arrogância?
Para onde navegais não há porto, só mar revolto
Glorifica o que possuis... o pão sagrado
Que das trevas recebeste
A ti foi legado um único dom: A poesia.