O dom, a dor, a poesia.

Reclamei da vida

Perguntei ao gênio do bem

Que maior bem eu poderia alcançar

Entre os ditos dons que cabe ao homem

Eu nego que possuo algum

Pedi que me mostrasse onde mora a felicidade

Ele riu de mim, como se tolo eu fosse.

Perguntei, insisti para que me mostrasse a paz

Ele, mais uma vez riu de mim.

Não está nos livros o maior dom? O saber?

O gênio ficou mudo...

Eu lhe disse com tremor o ódio:

Não sabes o que procuro?

Maldito espírito do bem!

Não queres que eu vá à busca do teu concorrente

Para que ele diga-me onde mora a glória que almejo?

O gênio velho disse-me:

O que pensas existir, não foi criado

O mundo gira sem objetivo

Como pó sobre a balança paira a tua essência

Volta ao teu posto, verme ordinário

O abismo que vislumbra como céu

É reflexo do véu da tua insignificância

Podes, por ventura, tratar-me com tanta arrogância?

Para onde navegais não há porto, só mar revolto

Glorifica o que possuis... o pão sagrado

Que das trevas recebeste

A ti foi legado um único dom: A poesia.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 05/06/2009
Reeditado em 06/06/2009
Código do texto: T1633022