DESEQUILÍBRIO
Foge-me a razão. Passa por mim, não pára e cai no contrário. É possível ser e não ser. A intermitência vaga da ponderabilidade assusta-me os ouvidos.
O pânico é uma faca que me desata a língua. Fecho a boca para não me ouvir. Ferro os dentes mas as palavras engolidas escorrem-me nos olhos.
Mas não me escoo neles, que o medo gela todo o meu espaço.
Petrificada na consciência do sal que me cobre o rosto, na pele
do meu tempo, fico-me estátua.
Passa-me nas mãos um arame sustento que me rasga os pulsos.
Sinto a cruz dos meus ossos em equilíbrio precário.
Se a leve brisa do saber me toca quebro-me. Se não toca perco-me.