Compostela
12.00 horas
entre a Fonte de Santo
António e Virgem da Cerca,
na Porta de Massarelas
Hoje, depois de um tempo eterno, com o sol crescido de maio
reverberando no cal branco das paredes e as veias de pedra
reluzindo o seu granito espelhante, no meio do ruído intenso do
trânsito pelas ruelas em forma de esse, estrondoso como sempre,
por onde antigamente passaram os carros de vinho e de centeio e
de verduras que cruzavam as portas, ciclópicos, caminho do centro
da cidade amuralhada, sob a miragem aparente dos meus
pensamentos que pesam como uma badalada, através da realidade
toda que se abriu como flor na primavera, generosa e alegre, em
risca inesperada e gravitante de vida, vi de novo a cidade:
Compostela.