Choses de la vie

Choses de la vie. Ele não sabia onde havia lido isso, mas sabia o que significava. Coisas da vida, ah, e que vida! Ele estava mal, muito mal, Não tinha noticias de seu amor há muito tempo (seu, pois o amava incontroladamente desde sempre, embora o amor em questão já o tivesse esquecido) e sofria com a angústia dessa falta de informações. Estaria ele bem? Mudara de emprego? Conhecera outra pessoa? Casara? E rodava e rodava a sala de estar, deitava, sentava, levantava, suava como se tivesse tomado anfetamina direto nas veias. Lembrou-se daqueles tarja preta comprados ilegalmente. Nada, era só saudade mesmo. Só saudade, apenas isso, sentimento antigo e corriqueiro transformado numa obsessão estranha. Doente, ele não sabia o que fazer, nem se devia fazer algo. Água fria no rosto, engoliu um Olcadil, ligou o rádio – tem que estar muito na fossa pra ouvir Djavan. Sentou na mesa, olhou a foto de seu amor. Lembrou do dia em que o amor lhe dissera: “Me apaixonei novamente, o nome dele é Gustavo!” . Aquele nome rompera suas artérias como uma gilete afiada num rosto adolescente. “Gustavo, Gustavo. Será Gustavo melhor que eu?” pensou. Encerrou o rosto sobre a mesa e chorou. E ouvindo Djavan, escreveu:

Sobre Gustavo.

Espero que ele seja o homem certo,

de rosto iluminado e abdômen definido,

que não te ofereça um amor embolorado

como fazem os rapazes da pista.

Ele há de ver sua verdadeira origem,

aquela que você esconde, que só

eu conheço.

Que ele seja belo, vaidoso

e saiba pra que servem seus cremes.

Que Gustavo seja paciente e forte

e saiba o valor do silêncio

e sobre o que não conversar

no café da manhã.

Eu duvido.

Hudson Pereira
Enviado por Hudson Pereira em 25/05/2009
Reeditado em 25/05/2009
Código do texto: T1613733
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