o que direi ao amor
Quando chegar o dia de prestar contas, no dia do meu julgamento,
O amor me perguntará: Por que fostes covardes?
Eu direi: Por medo de ouvir um possível não. Preferir viver na dúvida, não me arriscar.
Fui covarde.
Ele me dirá: Mas eu te dei todas as provas das suas intenções! Mostrei-te no olhar dele minha existência. Fiz ele te procurar. Porque foi covarde?
Eu direi: Pensei que fosse ilusão, tesão, não paixão. Tive medo. Mim achei feia,
Indigna de seus sentimentos, que ele amava outra mais bela que eu. Em fim. Mil coisas, mil loucuras. Mil tolices, mil enganações.
Fui covarde.
Mim dirá então o amor: Eu o fiz sofre. Fiz ele perder a vontade de viver. Você nem percebeu. Porque foi covarde?
Eu direi a ele: achei que sofria por outra. Que seu pranto era por ela. Imagina se alguém sofria por alguém sem graça como eu? Pensei que sua vontade de se isolar do mundo, fosse para não me vê. Fui covarde.
Eu falei no teu ouvido. Te fiz da vários gemidos. Atormentei teu coração. Te fiz sentir saudades. Ti fiz sentir sua tristeza, sua dor. Porque não voltou? Porque foi covarde?
Eu direi: Sofri por isso como uma condenada. Tive somente você por amigo e por juiz. Quase morri de saudades. Tive que lutar para não enlouquecer. Tentei fugir e ser mais forte que você. Não consegui. Fui covarde!
Eu te fiz mesmo querer morrer. Estar a ponto de enlouquecer. Te implorei que visse a verdade, que aceitasse a me e a felicidade. Porque não me ouviu? Porque não aceitou que ele a amava? Porque foi covarde?
Eu enlouqueci por fim! Achei que seria feliz de verdade! Que tudo eram coisas feitas por ti. Cada pensamento em que ele me amava, eram fantasias implantadas por ti.
Que sempre me iludir. Mim matei!
Fui covarde
Confesso meu crime. Sou culpada. Serie condenada por fim. Crime não ouvir meu coração. Tentar matar o amor, sufocando-o. Tentei te estrangular.
Por medo de ouvir um não. De lavar um fora.
Fui covarde!
E o amor me dirá: Terá a eternidade para se arrepender. É culpada.