Qualquer hora a gente se vê....

Ela estava viciada e não saía mais de seu mundo viciante,
e esse vício agora impedia que as palavras tivessem alma,
e nem percebia o quanto estava se isolando do mundo...

Era como escapar de toda a realidade que a aborrecia,
e sua válvula de escape era a de se tornar mais querida,
porque sentia que seus passos nem mais tinham andares.

Tudo estava amorfo...mas era preciso com urgência surgir,
ser reconhecida em um universo estrito, quase particular,
onde as palavras estavam sendo difíceis de serem usadas,

permanecendo presas numa garganta que nada queria dizer,
porque de repente havia um cansaço no pensar os amanhãs,
que lhe pareciam apenas uma linha divisória de um presente,

que se fazia ausente a cada instante...a cada momento.
E então tinha vontade de chorar dizendo que não sabia,
porque um nó de garganta podia fechar-se como um cofre.

Nada se podia fazer para conter as lágrimas de seu rosto,
porque agora era seu tempo de viver realidades sem ilusões.
Então ela me olhava e eu percebia que era como uma tigresa.

Seus olhos verdes, grandes, ainda iluminavam toda sua beleza,
num corpo maciço que sentia ia entrando manso dentro de mim,
e que, inexplicavelmente, eu desejava com toda a minha paixão.

Ah...sim...claro...ela com seus olhos verdes não me permitia
que seu vício fosse perturbado porque estava gostando dele,
não de mim, mas das surpresas que o próprio vício lhe trazia.

Na madrugada houve uma trégua...e como se fosse um pós,
ela mesma foi traçando planos de como agir com discrição
contra as hárpias aladas necessitadas sempre de fuxicos.

Usou então o expediente dos emotions...breves e suficientes,
para expressar suas emoções mais simples, como de um beijo,
indignação, incerteza, vergonha,raiva,ciúme, e santidade.

Ah! Sim...eu entendo...que você não sai mais do teu vício....
porque na realidade eu estou num outro tipo quase parecido.
Estou no vício de te escrever todos os dias uma poesia...

Sim..concordo que tenho de te dar a mão à palmatória...
Você no teu vício....ah... e eu no meu...
Combinados ...você aí e eu aqui...

Quem sabe qualquer hora a gente se vê, não é ?

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Prosa poética feita por mim,Cassio Seagull, em 21-04-09
às 18.30 h em SP – Lua crescente - encoberto – 22 graus
Beijos e abraços para você ... Boa quarta...
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