Diz espelho meu...
O barroco soa no átrio de minhas sensações interpretativas,
e posso estremecer numa cantata à Bach de corpo inteiro,
que ninguém se dará conta, porque esse é o meu estilo-erupção.
Apenas lavas ardentes feitas de um explodir de fogos de artifício,
que ilumina não mais o céu no cobalto imerso , mas a minha vida,
esse cordel de penduricalhos que em mim se amontoam todos,
e que me fazem perceber a inconstância das horas passageiras,
que só podem ser salvas razoavelmente num Vivaldi primavera,
cujos violinos sonantes são apenas pássaros cantando partituras,
numa elegíaca noite em que as musas correm detrás do fauno,
e ele para as sombras copadas dos jacarandás, inertes frontes,
cujos corpos grossos se aprumam na divisa entre o céu e o inferno.
Ah ! Outonos ainda verdes sem nenhuma perspectiva invernal,
balançando-se docemente ao sabor do vento calmo, quase hirto,
sem que se pudesse dizer uma palavra nesse reino silencioso,
onde minha voz com toques leves buscava a tua na distância,
para te ver rir e conferir os mais recentes ecos de um satélite,
desses ,que perdidos na imensidão espacial, são brinquedinhos,
com os quais brincamos ao falar de nossas solidões de asteróides,
e de quanta paixão escapa pelas fendas de nossa plena volúpia
ao encontrar no outro...como pele na pele, as puras intenções.
Dança de ventres estirados , alinhados... esperando a hora certa
do entrecruzar dos ponteiros feitos de singela expectativa,
como se tudo fosse um filme que se quisesse ver e não se visse.
A vida hoje, meu amor, é a mesma de ontem... feita de vislumbres,
e dos mesmos encantos de te ver tão bela nas evoluções da carne,
na qual meu corpo é que suspira mais que todos meus desejos juntos.
E quando nada pede passagem...a nossa paixão vem e pede,
abrindo as asas para voar um vôo que do surreal pronto se eleva
para alcançar teu lindo rosto afogueado de imoderada vontade
de ser para mim a musa eterna que as noites guardam no silêncio.
Ah ! Nossos momentos !!! Onde a certeza do amor cala mais fundo.
O que pode ser mais belo do que esse amor ? Diz espelho meu...
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Poesia elaborada por mim, Cássio Seagull,em 21-03-09 às 22 h em SP.
Lua minguante – Encoberto e esfriando – 24.4 graus.
Beijos e abraços para você... bom domingo....
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