"Feiúra"
Longe de querer beleza
Quero gestos e coisas finas
Nem sempre identificáveis
Pelo simples olhar
Quero a beleza dos ouvidos
A beleza das respostas
A beleza da gentileza
A beleza invisível
Saciar-me de comidas feias
E boas
Saciar-me de delícias toscas
E boas
Abaixo a magreza
As belas cores
A arquitetura
Abaixo a simetria
Ao bom conselho
A vida prática
Abaixo a beleza que tudo conforma
Que tudo engana
Viva a feiúra que planta coisas
Viva a feiúra que me engravida
De coisas sabe-se lá se feias
se belas
Viva a feiúra que ara o campo
Pras belezas de dentro
Viva a feiúra que desorganiza
E desorganizando
Dá à luz.