BREVE COMENTÁRIO SOBRE "O CÉU AZUL", (poema de Paul Verlaine)

O céu azul sobre o telhado

repousa em calma.

Uma árvore sobre o telhado

balança a palma.

A voz de um sino mansamente

ressoa no ar.

Um passarinho mansamente

põe-se a cantar.

Meu Deus, meu Deus, esta é que é a vida

simples, tranqüila,

como o rumor suave de vida

que vem da vila.

-Tu que aí choras, que é que fizeste,

dize, em verdade,

tu que aí choras, que é que fizeste

da mocidade?

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TEXTO DE TÂNIA MENESES

O Céu azul, um poema simples e bonito como uma manhã quieta de um domingo de verão à beira-mar.

O olho do poeta se enche do azul gratuito em prece sobre o telhado. Como são bonitos todos os telhados do mundo! Deito-me na paz com Verlaine para tragar a eternidade que invade a árvore e, na quietude do meio-dia, sentir a brisa acariciar a palma, como o mais doce beijo que alguém possa desejar.

Toca o sino acordando os sentidos e renovando no ar as lembranças, os significados naquele momento de pura solidão, breve como um tiro.

Na orquestra de Verlaine o passarinho canta a canção dos segredos revelados, da exata tradução da fugacidade do ser.

As pessoas simples, longe das musas, sabem e não sabem o que é viver. Vivem apenas, segurando a criança, lavando a roupa, tomando o café da manhã.

Sentado na calçada, Rimbaud em pranto de nuvens _ arca do pecado. Verlaine levanta da paz do azul e sacrifica o anjo. O sangue tinge o azul de tormenta.