Depois da batalha
Aqui deitado em meu colo, com minha destra a acarinhar-te essas lindas madeixas do teu cabelo claro e longo... vejo em tuas órbitas os resquícios de batalhas, as lutas sangrentas, a capa e espada meu refúgio onde me escondo e de onde defendes os brasões na tua bandeira, corpos empalados, rastros de sangue... cheiro de guerra, de sangue... aspiro a paz que aspiras e sabes que não terás, pois a guerra é eterna... mesmo em teus sonhos lutas, amado, contra quem... e me voltas cansado e marcado, quase sempre... eu vejo tuas orgias nas cantinas, muita bebida, homens bêbados cantando juntos as mais estranhas canções, mulheres, fartura de tudo a que estás tão acostumado, tudo do muito esquecer... se nessa fuga puderes baixar teus olhos a esse mundo, pássaro bruxo, além das portas da cantina onde podes encontrar rapidamente líquidos que te drenem a mente e corpos que se te façam nus... olha as borboletas que circundam aquela que é o teu amor, o teu bem mais precioso, a luz no teu olhar... vê que tudo isso é ilusão, os corpos, os desejos... depois de satisfeitos, ocupam ainda algum lugar na tua mente que não seja dela? Mesmo em suspiros eu sei que sussurras seu nome, que em teu canto sozinho e nas horas mais nuas é nela que pensas...
Aqui deitado em meu colo tu eternamente estarás, meu lorde, assim como descansas em meu colo a cada vez que nos reencontramos na colina, depois de um inverno de ausência, e tentamos dessa vez acertar nossos rumos... aqui deitado em meu colo vejo e sinto o amor que tens por mim. Que te faz largar qualquer batalha e vir correndo em espírito, ao meu chamado. Ao nosso Valhala. De que importa todo o resto, se tu sempre voltas... E se ainda assim quiseres chamar a isso delírio, eu chamarei de amor... eterno imortal como nossas almas.