Vem...
As goiabas já teimam em cair dos galhos, oferecendo-se em gostos, cores e texturas... meu pé de mexerica tá cheinho, só esperando terminar a gestação... dos muito aromas, flores mimosas roxinhas que salpicam aqui e ali o muito verde do pátio que abandonou-se durante minha viagem... seus carvões desapareceram tragados pela terra... um vento pássaro sussurra e me recorda... as muitas montanhas que andei... aguardam meu retorno... a minha paz sussurra no vento...
Os girassóis que plantei movem seus rostos salpicados de amanhã para mim... e sorriem um riso irmão e cúmplice... meus elfos já me disseram que vão se instalar no vasinho de arruda e irão comigo a toda parte, quando enfim eu abandonar o pátio que traduz a minha vida... seus carvões viajam terra adentro agora... já não é possível extirpá-los, como não é possível extirpar a sua lembrança, a sua muita influência sobre o que sou agora... já não choro de saudade e dor... como o carvão compostado eu me degrado e me transformo em diamante no centro da terra... já não vivo a dor, vivo o que de multicolor pode surgir dela, o cristal do riso, o canto, a lua cheia em teus olhos, o silêncio que bate com o coração do pássaro, meu voar... a águia... sou eu... veja as minhas asas tão abertas... o vento que permeia meu voar e me leva... ouve meu grito... ele te convida... vem...