Tarde...

Vou dormir na rede... Isso! Decidido!...
Correr pelas ruas, em duas rodas... Movimentar-me ao infinito...
Não deixar que as palavras ditas sejam visgo...
Um dia, disseram-me " Goste de todas as coisas e de nenhuma"... Agora entendo...
Amar além do comum... E não prender-se a nada de concreto...
Vigiar as cores da janela... Ver a tarde cair... Longe e tão bela...
"Comem poeira os que tardam"... Será?... Eu "tardeio"... Eu "lagarteio"... Eu viro rumo dos olhares alheios... Há um eixo... Um esteio...
Palavras soltas... Folhas ao vento... Não tens domínio...
Perde-se tempo... À colher as próprias verdades...
Um beijo... Isso é mágico...
Um queijo, quer um pedaço?
As mãos correm soltas pelos galhos... Colher as frutas que plantaste...
Sem guiar as raízes... Num discurso secundário...
O amor é  assim... Toma conta de mim... Mas, não me cega...
Comum dizer em face... Fácil de ser complexado... E... A tarde chega, sem recato...
Entra pela janela... Finge que não há trabalho... E a brisa fica livre...
Sem o peso das  palavras vãs...
Corri tanto para chegar até teu rosto... Carinho em gotas...
As demais coisas... Tu quem crias... São as vivências que tu tinhas...
Medos que a alma guarda e vomita, na hora errada... Com a pessoa errada...
A tarde vem... Enlouquece os meus sentidos... Vejo letras... Vejo música... Minhas mudinhas de felinos... Meu leito, em concha... A noite chega... Adormeço... Em sorriso... Já é tarde...


17:04