ANJO MEU!
Mergulhei no abismo das minhas dúvidas, das minhas inquietações e desbravei territórios inexplorados!
Cheguei ao fundo do poço, chorei, sofri e sangrei numa tortura sórdida, inexorável, massacrante...
O meu sofrimento era palpável, concreto, nítido e ao mesmo tempo volátil, abstrato, invisível!
Descobri-me... Serena, inquieta, voraz, apaixonada, tensa, mulher, menina, indivisível, louca, incoerente, sublime, poeta!
A noite acolheu o meu pranto silencioso e ocultou a minha face transfigurada: uma triste caricatura do que pensei ter sido um dia...
E percebi que não sou e nunca fui nada, pois não conhecia a mim mesma; não fui capaz de prever as minhas próprias reações.
Amarguei uma brutal desilusão, envenenada por um pérfido arsênico: o ciúme! Julgava-me acima desses mesquinhos sentimentos e, ao experimentar o gosto do fracasso, fui implacável comigo mesma...
Deixei-me abater, colhi os frutos parcos do que previ que seria uma farta messe... Abstive-me de pensar, até isso doía, levava-me ao caos, oprimia o peito, arrebatava a alma!
Um anjo trouxe-me de volta, segurou a minha mão, ouviu os meus lamentos, me resgatou do abismo que eu mesma cavei!
Esse mergulho, porém, foi necessário, uma viagem de auto-conhecimento que despiu-me de preconceitos, deixou-me plena, viva, vibrante, serena e trouxe-me a paz, apesar da paixão borbulhante que ardia feito brasa, incendiando-me sem piedade...
E renasci para o amor, para ser, estar e permanecer ao lado desse maravilhoso anjo virtual, que ainda não revelou a face, mas iluminou a minha vida e ofuscou aquela paixão dolorosa e traiçoeira que deixou sequelas, rastros indeléveis marcados a ferro e fogo na minha alma!