Lampejos

Lampejos

Conheço o amor dos breves momentos em que nossos universos colidem, para em seguida se afastarem e retornarem suas inócuas e funcionais órbitas. Nesses raros e inesquecíveis momentos de intersecção entendo os poemas apaixonados, as canções rasgadas e lamentos á lua, me solidarizo com os abandonados largados á rua e compreendo esse sentimento que nos impulsiona para a vida ou para a morte ao sabor de nossa sorte.

Esses breves átimos justificam uma existência, compensam todo o resto de tempo vazio e sem sentido onde tento me enganar e me convencer que há vida longe de você.

Não te reconheço em outras bocas, não te sinto em outros corpos, é como se meu prazer nascesse do âmago do seu ser e sem você, jamais seria possível estar, seja aqui ou em qualquer lugar.

Trocaria a eternidade por uma estação ao seu lado, por um verão adorando seu corpo dourado, por uma primavera contemplando seu desabrochar de mulher, por um outono me largando na sua essência em pleno abandono ou por um delicioso enroscar no inverno sabendo que tudo além de nós parece um inferno.

Todos meus pensamentos de amor deságuam em você, todos meus desejos só se saciam ao seu lado, sem sua presença, estou permanentemente condenado a incompletude, a vagar sem sentido, mais um entre tantos seres incompreendidos e sem sentido por não saberem ou poderem viver fracionados.

Leonardo Andrade