02h26
03h45
e fica o poeta acordado poetando
sua vida, tentando versejar suas
mágoas, saudades, e outras coisas
mínimas que para um poeta tornam-se
grandes. Afinal poetas são especiais.
04h10 fica dificil dormir, mas final-
mente recosta-se e dorme.............
e sonha...........................................
Pela janela do carro, ao observar as tristes casas no caminho, arruinadas de muitos anos, e com a mente cheia de antevisões demasiado tristes, uma vozinha em mim ia-me segredando: como é bela a mais feia destas paredes em ruínas comparada com o nada. E tudo - o mais feio dos objectos de rua, o lixo, as fendas,, me pareceu belo, perto da ideia de não existir.
Um vento gélido atravessou-se-me no caminho e passou a sua mão morta pela minha espinha. Senti um calafrio. Depois, ouviu-se um trovão. Uma frase de Heidegger veio ter comigo do fundo da memória e repeti-a vezes sem conta para dentro, para revigorar a coragem amortecida pelo vento:
«A ruína é algo diferente do perecer. Na ruína está presente, surdamente, a reconquista».
Sobretudo, esta última parte:
«Na ruína está presente, surdamente, a reconquista».
«Na ruína está presente, surdamente, a reconquista».
«Na ruína está presente, surdamente, a reconquista».
A reconquista não se produz meramente à custa de frases.
Tem de ser construída com actos. As palavras dos homens de excepção são atos. Aqueles que separam as palavras
dos atos não são nem homens de palavra nem homens
de ação. Não há excepcionalidade que os recupere…
Acorda.........08h23
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13h15 continua o poeta achando que fica dificil viver.....