DE SAUDADES E DE CHUVA.

 

Linda Netepink,

 

 

Ao som das goteiras e ao sussurro característico da chuva sobre as árvores aqui adjacentes, eu vou buscando no íntimo de mim mesmo, uma inspiração menos líquida, para poder escrever esta úmida mensagem que agora te ofereço.

Primeiro devo te explicar porque precisei adiar o nosso encontro, trata-se do seguinte: Como seria o nosso primeiro encontro sobre esse planeta, é lógico que, para esse inédito encontro e se tu ainda o alimentas, tal encontro deverá ser iluminado por um sol radiante e não por um acanhado e triste dia, como estão sendo esses últimos teimosos dias de chuva.

É que com o sol e a abóboda azul do céu, naturalmente sob este conjunto indizível, nós somos inspirados para nos manifestar com mais liberdade, dando assim uma especial graça e maior expansividade as nossas almas, ávidas e prementes de anseios inomináveis.

Os dias de chuva normalmente são tristes e enfadonhos, apesar de não ter nada contra essa manifestação da natureza, mas convenhamos, a negritude das nuvens e a ausência do sol, esses componentes desagradáveis nos abatem o espírito, mesmo assim, ainda conseguimos arrancar de nossos espíritos algumas inspirações ao som da sinfonia chorosa das goteiras.

Nesses dias de precipitação pluvial somos induzidos a um recolhimento, desta forma, restritos e enclausurados em nossos mais íntimos pensamentos, descortinamos sempre uma sombra de saudades das pessoas mais queridas.

É o que agora estou sentindo por ti, somente saudades; pois o teu sorriso para mim é um lindo sol que se faz sempre radiante e belo, por que quando tu sorris, rasga-se o véu do tempo espargindo alegria, graça, magia e um indizível encantamento.

Saudades sim, porque a ausência do sol, esse astro ao qual devemos a vida, não me permite ver a luminescência tremeluzente dos teus cabelos de ouro, uma verdadeira basílica de sonhos.

Quando os meus olhos se envolvem com os teus cabelos, eu imagino como se eles fossem pétalas de primavera se despedindo, para deixar entrar pela janela do tempo a estação que liberta todas as almas: O verão.

Mesmo entristecido pela chuva e pelo nebuloso dia, eu ainda te vejo na minha imaginação, como se tu fosses uma dançante e mítica figura, na verdade, uma linda e inefável poesia em movimento.

Bom, isso é o que eu posso te oferecer agora, mas quando o sol voltar a brilhar novamente, eu te prometo, nós seremos os primeiros a passar por baixo do arco-íris que será desenhado e arqueado nas encostas das montanhas.

Beijos.

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 23/11/2008
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