Garganta

Minha garganta arranha

Como diz a música

Mas não como os azulejos

Ela estranha o sabor amargo

E engole seco a contra gosto

A vida é dura

E insiste em fazer de mim

Escrava da insanidade

Sentindo o desprazer

Adoecendo de desgosto

Tinha pensado outrora

No amor e essas tolices todas

E descobri que esse mesmo amor

Seca assim como enche

Escorre, evapora, dilui-se

Mas nunca some

Sobrevive com façanhas

Assim como não some o gosto

O gosto amargo do desgosto

O desprazer com amargura

A amargura que é estranha aos

Azulejos das minhas entranhas

Que solta um grito da garganta

Garganta essa que arranha.

Tarssila Martins
Enviado por Tarssila Martins em 23/11/2008
Código do texto: T1298389
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.