Garganta
Minha garganta arranha
Como diz a música
Mas não como os azulejos
Ela estranha o sabor amargo
E engole seco a contra gosto
A vida é dura
E insiste em fazer de mim
Escrava da insanidade
Sentindo o desprazer
Adoecendo de desgosto
Tinha pensado outrora
No amor e essas tolices todas
E descobri que esse mesmo amor
Seca assim como enche
Escorre, evapora, dilui-se
Mas nunca some
Sobrevive com façanhas
Assim como não some o gosto
O gosto amargo do desgosto
O desprazer com amargura
A amargura que é estranha aos
Azulejos das minhas entranhas
Que solta um grito da garganta
Garganta essa que arranha.