OUTRA VEZ

Analice lembrava de tudo dele, do beijo soprado no meio da calçada, a mão na boca e os olhos a dizerem: eu te amo tanto...

E tudo parava naquele instante, como se as pessoas percebessem que não era uma despedida qualquer, mas seu amor a lhe soprar beijos e falar com seu olhar o quanto era importante, o quanto ele a queria e a forma como não poderia viver sem ela.

Lembrava do gosto do sorvete de caldas e como ele riu quando lhe escorria pelos lábios ficando um pouquinho no queixo.

A vez que sabendo ela ser louca por queijo, ficava separando na tábua de frios naquela adega onde não viam ninguém, só parecia existir os dois os pedacinhos entre presunto e salame e empurrando tudo para o lado dela, como se aquela fosse a melhor forma, percebido por ela, de dizer quanto carinho sentia...

Quando ela chorava ele ficava a seu lado dizendo: _"Respira" e ficava parado em pé com cara de bobo com seu 1.90m imitando a respiração cachorrinho como se eles fossem ter um filho. E ela vendo aquilo, ria-se toda então...

Ele gargalhou alto no mercado ao perceber que ela tinha arrumado as compras nas sacolas e as deles ficaram com todo peso com as garrafas, enlatados e a dela só pão de forma e guardanapos. Ela quis pegar mais algumas dele, nem tinha se dado conta do que fizera, mas ele rindo ainda, não deixou e carregou tudo sozinho.

Ele a achava bonita até quando estava de joelhos, agaixada no chão, procurando o sapato em baixo do sofá e achava lindo a forma como ela costumava falar sozinha quando estava no banheiro.

Ele não gostava de café. Mas em sua casa tinha, para quando ela viesse ficar com ele.

Foi na corrida de São Silvestre que entre todos aqueles corredores, eles se beijaram enquanto as pessoas passavam por eles, e nem os guardas tiveram coragem de separar e pedir para que voltassem atrás no limite do cordão de isolamento, como se todos percebessem que aquele amor era intocável, infalível, inenarrável, abençoado perante os olhos de Deus. Estavam esquecidos do mundo e um amigo comentava": tomara que passe na Globo", já que muitos repórteres filmavam por ali.

Era uma verdadeira história de amor.

O cachorro dela tbém amava ele.

Houve muitas palmas quando ele subiu em uma árvore só para gritar 'eu te amo' e todos que estavam nas mesinhas da calçada aplaudiram enquanto ela corava de vergonha mas ficava maravilhada.

Houve uma vez que terminaram e ficaram sofrendo cada um de seu lado, e quando ela não mais aguentando, foi em sua procura, porque mulher tem o dom divino de dar o braço a torcer, quando ele entrou no apartamento e a viu, encostou seu corpo na porta, não acreditando, começou a chorar enquanto suas pernas foram ficando bambas e ele escorrendo pela porta como água que mina da alma,foi parar no chão. Ela só sorria, porque sabia que ele a aceitaria de volta já que não viviam um sem o outro.

Uma vez os dois beberam tanto, que andando pelas madrugadas como namorados que eram, tropeçaram um no outro, indo os dois ao chão...E riam, riam tanto que quase não conseguiam levantar , não estavam preocupados com quem por ventura passasse ali.

O Café Duprê era um lugar muito chik e foram convidados a se retirar, imaginem só, vejam vocês, só porque ele foi ao banheiro e ficava fazendo fusquinha de lá convidando a entrar...E ela aceitando o desafio, corajosa menina, tabus lançados a terra, apesar que nem deu tempo de se amarem já que o segurança era veloz.

Se tivesse ainda uma outra vida, ela escolheria viver ao lado dele, e com certeza, Analice, não se esqueceria de um detalhe sequer, e se lembraria também, de tudo dele....

...Outra vez.

www.nandaevc.blig.ig.com.br