PROSA POÉTICA n.14
NESTA TARDE DE CHUVA...
Chove, nesta tarde. Chove.
Isso é bom, pois refresca o ambiente e traz este cheiro que amamos. Não há som algum, além das gotas no telhado.
Mas, eu minto, há, sim, uns sussurros breves.
Depois de um tempo em que os beijos foram a expressão do nosso desejo, seus dedos começam uma procura. Eles encontram um caminho em minha pele que, de úmida, brilha. Sua mão encontra as minhas coxas e eu toda me arrepio, sentindo sua pressão. Um tremor me sacode apenas porque você as contorna lentamente. Eu ofego. E você ri de mim, de minha vulnerabilidade...
Um ardor me assoma, quase me implode no desejo que irrompe,
e uma certa confusão me toma, desnorteia...
Meu deus, será que já é lua cheia? Porém, a maré não é vazante? Estamos no tempo das colheitas... mas será que começou o ritual de Beltane* e as fogueiras foram acesas?
Porque me sinto assim, perdida em oferenda?
Elétrica, esqueço minha timidez - esta que o encanta - e falo umas bobagens doces, outras nem tanto, e te espanto, pedindo conclusão... não, eu quase a imploro.
Entanto, ela demora, pois lhe aflora uma maldade irrestrita ... individualista. Você se diverte com minha urgência e o meu desfalecer (in)submisso em seu abraço.
Eu arquejo e peço (numa entrega linda):
- Não demore, ah não ceda, estou plena - venha!
E a posse se completa quando me atende ... sim, ela afinal termina quando, triunfante, você exclama em meu ouvido:
"Você me pertence - é minha!"
Silvia Regina Costa Lima
10 de novembro de 2008
NESTA TARDE DE CHUVA...
Chove, nesta tarde. Chove.
Isso é bom, pois refresca o ambiente e traz este cheiro que amamos. Não há som algum, além das gotas no telhado.
Mas, eu minto, há, sim, uns sussurros breves.
Depois de um tempo em que os beijos foram a expressão do nosso desejo, seus dedos começam uma procura. Eles encontram um caminho em minha pele que, de úmida, brilha. Sua mão encontra as minhas coxas e eu toda me arrepio, sentindo sua pressão. Um tremor me sacode apenas porque você as contorna lentamente. Eu ofego. E você ri de mim, de minha vulnerabilidade...
Um ardor me assoma, quase me implode no desejo que irrompe,
e uma certa confusão me toma, desnorteia...
Meu deus, será que já é lua cheia? Porém, a maré não é vazante? Estamos no tempo das colheitas... mas será que começou o ritual de Beltane* e as fogueiras foram acesas?
Porque me sinto assim, perdida em oferenda?
Elétrica, esqueço minha timidez - esta que o encanta - e falo umas bobagens doces, outras nem tanto, e te espanto, pedindo conclusão... não, eu quase a imploro.
Entanto, ela demora, pois lhe aflora uma maldade irrestrita ... individualista. Você se diverte com minha urgência e o meu desfalecer (in)submisso em seu abraço.
Eu arquejo e peço (numa entrega linda):
- Não demore, ah não ceda, estou plena - venha!
E a posse se completa quando me atende ... sim, ela afinal termina quando, triunfante, você exclama em meu ouvido:
"Você me pertence - é minha!"
Silvia Regina Costa Lima
10 de novembro de 2008
** Beltane é um festival de civilizações pagãs na região da Grã-Bretanha, ainda comemorada nos dias atuais, reconhecido nas comemorações da Festa da Primavera. É um festival de luz, simbolizando a união entre as energias masculina e feminina da Terra.
Durante o festival eram acesas fogueiras nos topos dos montes e lugares considerados sagrados, sendo um ritual importante nas terras Celtas. E como tradição as pessoas queimavam oferendas e pulavam as fogueiras para que se enchessem das mesmas energias poderosas.
Representa o início do Verão e marca a morte do Inverno, sendo comemorado com danças e banquetes.
Ocorre em 1 de Maio no Hemisfério Norte e 31 de Outubro no Hemisfério Sul.