Às vezes
Às vezes, mas só às vezes, eu sonhei em ser normal;
Em passar despercebida, distraída,
Ser desconhecida, apenas um ser carnal;
Falar baixo e ser ouvida, ter um encontro casual.
Ser inebriada por coisas sem nexo, neural.
Olhar as ruas atulhadas,
Dar passos largos nas calçadas.
Não ver ninguém, ser virginal.
Talvez, quem sabe às vezes, sonhei com a brisa em minha pele;
Senti o sol, fui infantil, sem ter a quê ou quem me apegar.
Imaginar, enaltecer, ou pelo menos leve ser;
Torcer pra ver novamente qualquer dia amanhecer
Mas sempre, num só às vezes, sonhei em ter com o quê ser
E me perdi sem encontrar, o que na ânsia não soube achar
Escancarei o que na verdade não era pra se ver
E continuo ,sempre ás vezes, só vendo o dia anoitecer.