EFÊMERO AMOR
Hoje, após muitas resistências do meu pobre e perturbado ego, eu resolvi abrir o meu coração para dizer o que se passou e o que ainda se passa com ele.
Na verdade, é um grito profundo e emocionalmente confuso que agora despacho para o infinito, mas a bem da verdade, eu quero que ele não se perca nessa imensidão astronômica em que vai viajar, a fim de que, ecoando repetidamente faça ressonância no Cosmo.
Minha alma quer gritar ao mundo, mas o mundo não me ouve, pois o mundo em que vivo está surdo para o amor. Talvez alguém sofrido pelo amor ainda escute a repetição do meu eco, varando em ondas sonoras entre as perdidas montanhas.
Eu acho que não vou mais amar, ou melhor, eu não quero mais amar esse tipo de amor que, há pouco tempo, me pegou com astúcia, pois esse evento imponderável e sutil da alma, alheio a minha vontade, é claro, se manifesta teimosamente em mim carregado de angústia e muita dor.
A saudade e a dor teimosa que eu sinto desconstroem todo o meu ser, pois ainda eu não entendi como um sentimento de natureza divina, aliás, creio que seja assim, pode machucar quem a ele se prostra.
Dizem que o amor ou, quando realmente a gente ama, esse sentimento transforma tudo num mar de rosas.
Ledo engano!
O amor isto sim, é um sentimento que fragiliza o ser e, a não correspondência ou o simples abandono, é uma espada que perfura o mais recôndito da alma.
Deixando que no âmago da alma, apenas borbulhem em efervescência as toxinas da angústia e os destroços do desânimo e do descrédito, esses produtos indesejáveis deixados pelo naufrágio de um amor.
O amar é fugaz, longo e doloroso é o seu esquecimento.
Esse é o meu grito, talvez indevido, mas hoje se torna necessário que eu o faça para levantar a minha alma que se contorce agonizante nesse sepulcro de dores.
Amar: Que verbo efêmero!
Adorar: Que loucura humana!
Venerar: Que tolice ilusória!
A mais terrível de todas as enfermidades do espírito humano, é quando ele se submete ao domínio de outro.