PÓS-ELIPSE

Entrei distraidamente no escritório e pisei na caneta que estava no chão sobre o tapete.

Minha Nossa! Que fiz eu?! Pisar numa caneta! Que sacrilégio! Pisar numa das coisas mais importantes desse mundo. Com ela foram assinados tantos documentos preciosos que mudaram e escreveram a história da humanidade. Tantas pessoas morreram e tantas viveram pelo simples ato de uma assinatura.

Desde a nossa infância – a que se conta até três – que já aprendemos a conduzi-la: pelas paredes, pelos cadernos, pelas anotações do dia-a-dia, pela nossa educação além, pela conquista de nossos bens...

Dentro de uma caneta existe uma carga de informações armazenadas:

É só puxar a ponta e todo o fio vem se desenrolando, como uma linha que está se desembaraçando.

É só puxar a ponta e ela faz emergir do papel tudo que se encontra invisível.

É só puxar a ponta e ela vai desenhando as palavras, dando sentido às letras.

É só puxar a ponta e dela se derrama a inspiração do poeta.

É só puxar a ponta...

TAINã
Enviado por TAINã em 24/10/2008
Reeditado em 26/10/2008
Código do texto: T1246709