PÓS-ELIPSE
Entrei distraidamente no escritório e pisei na caneta que estava no chão sobre o tapete.
Minha Nossa! Que fiz eu?! Pisar numa caneta! Que sacrilégio! Pisar numa das coisas mais importantes desse mundo. Com ela foram assinados tantos documentos preciosos que mudaram e escreveram a história da humanidade. Tantas pessoas morreram e tantas viveram pelo simples ato de uma assinatura.
Desde a nossa infância – a que se conta até três – que já aprendemos a conduzi-la: pelas paredes, pelos cadernos, pelas anotações do dia-a-dia, pela nossa educação além, pela conquista de nossos bens...
Dentro de uma caneta existe uma carga de informações armazenadas:
É só puxar a ponta e todo o fio vem se desenrolando, como uma linha que está se desembaraçando.
É só puxar a ponta e ela faz emergir do papel tudo que se encontra invisível.
É só puxar a ponta e ela vai desenhando as palavras, dando sentido às letras.
É só puxar a ponta e dela se derrama a inspiração do poeta.
É só puxar a ponta...