Humano. Nada mais.

Sobre mim, tenho pouco a dizer.

Sou um homem.

Humano e nada mais.

Em mim, possuo e sinto todas as etnias,

miscigenadas,

todos os sorrisos e lágrimas...

Sou o velho que vende bilhetes de loteria

e carrega nos ombros placas de propaganda

onde se compra e vende ouro, metal de cor desconhecida,

um tal amarelo de muito valor.

Um menino de pele encardida

que cala o ronco da barriga vazia com vícios

e de pés no chão já sem sonhar em como poderia ser a vida

(que vida?).

Sou um rei bufão

que lança ao povo os restos de um banquete.

Uma prostituta...

que queria estudar e ser artista.

Um padre de alma benta.

Uma dona de casa feliz e que canta

enquanto lava a louça e pensa por qual quarto começará

a diária faxina.

Uma criança...

que tem como armas um par de olhos pedintes

que dizem a qualquer pessoa muito mais que frases bem elaboradas

e um sorriso que, se bem observado,

valeria por um definitivo armistício.

Nessas veias vai a galope um sangue de inúmeros tons culturais.

De tons pastéis e outros gritantes.

Vermelho de todas as cores.

Sou uma sociedade, um estado, um país, um continente,

um Universo...

Sou diferente.

Assim como todos os outros

e mesmo como você, que agora está aqui a ler.

E é nessa diferença que nos fazemos únicos

e iguais.

Sobre mim, não tenho mais nada a dizer.

Sou um homem.

Humano. Nada mais.

...